“O Caso Vasconcelos: Entre a Traição e a Fraude”
O escritório ficava no segundo andar de um prédio antigo no centro da cidade. A porta de madeira escura ostentava um vidro fosco com os dizeres: “Rafael Mendes – Detetive Particular”.
A luz do fim da tarde entrava pelas persianas meio abertas, projetando listras de sombra no chão de madeira desgastada.
O cheiro de café requentado e tabaco pairava no ar, um aroma típico dos dias longos de espera por um caso interessante. O Caso Vasconcelos:
Rafael estava inclinado sobre sua mesa de carvalho, folheando um relatório antigo, quando a campainha da porta soou. Com um suspiro, ele ajeitou o paletó e se levantou.
Ao abrir a porta, encontrou uma mulher elegante, vestida com um tailleur azul-marinho e óculos escuros. O perfume caro que ela usava contrastava com o ambiente decadente do escritório.
— Boa tarde. O senhor é o detetive Mendes? — A voz dela era firme, mas carregava um traço de nervosismo.
— Isso mesmo. Entre, por favor. — Ele indicou a cadeira em frente à mesa.
A mulher hesitou por um instante antes de sentar-se, cruzando as pernas com elegância. Retirou os óculos escuros, revelando olhos castanhos intensos.
— Meu nome é Clara Vasconcelos. Preciso dos seus serviços. Acredito que meu marido está me traindo.
Rafael meneou a cabeça, sem surpresa. Casos conjugais eram seu ganha-pão.
— O que faz a senhora pensar isso? — Perguntou, pegando um bloco de anotações.
— Há alguns meses, ele tem chegado tarde do trabalho, tem estado distante, e encontrei recibos de um hotel no centro.
Quando o confrontei, ele desconversou e disse que eram reuniões de negócios. Mas minha intuição diz o contrário. O Caso Vasconcelos:
O detetive anotou os detalhes enquanto Clara falava. Depois de algumas perguntas básicas sobre os hábitos do marido e locais que frequentava, ele fechou o bloco e disse:
— Posso começar a investigação imediatamente. Vou precisar de algumas informações: fotos recentes dele, locais onde costuma ir, uma cópia dos recibos do hotel, se possível.
Clara retirou da bolsa um envelope pardo e o entregou.
— Já trouxe tudo o que pode ser útil. Espero que descubra a verdade para mim, detetive.
Rafael pegou o envelope e assentiu. O Caso Vasconcelos:
— Farei o meu melhor, senhora Vasconcelos. Em poucos dias, terei respostas para você.
Ela se levantou, ajeitou a bolsa no ombro e lhe lançou um último olhar.
— Espero que sim, detetive. Espero que sim.
Assim que a porta se fechou atrás dela, Rafael abriu o envelope e analisou o conteúdo. Fotografias, cópias de recibos, horários anotados à mão.
Ele suspirou, pegou o maço de cigarros no bolso e acendeu um. Mais um caso de traição. Mais uma busca pela verdade. E, muitas vezes, a verdade não era algo que os clientes realmente queriam encontrar.
No dia seguinte, Rafael começou a vigiar o marido de Clara. Discreto, estacionou seu carro em frente ao prédio onde ele trabalhava. As horas passaram lentamente até que o homem saiu, aparentemente sozinho. Ele caminhou algumas quadras até um café sofisticado e, pouco depois, uma mulher loira se juntou a ele. Eles conversaram animadamente, rindo e trocando olhares cúmplices.
Rafael pegou sua câmera e começou a tirar fotos discretamente. O encontro durou cerca de uma hora, e ao se despedirem, a mulher beijou o rosto do homem demoradamente antes de sair na direção oposta.
Intrigado, Rafael seguiu o marido de Clara até um hotel no centro da cidade, o mesmo dos recibos encontrados.
Ele entrou pela recepção e minutos depois, a mesma mulher loira apareceu no saguão e subiu para o mesmo quarto. O Caso Vasconcelos:
O detetive anotou tudo e tirou mais algumas fotos. O caso estava ficando claro, mas havia algo que incomodava Rafael.
Algo não se encaixava perfeitamente. Decidiu continuar a investigação antes de entregar as provas a Clara. Algumas verdades podem ser ainda mais complicadas do que parecem.
No dia seguinte, Rafael decidiu abordar a mulher loira. Disfarçado, ele a seguiu após sua saída do hotel.
Ela entrou em um prédio comercial e subiu para um escritório no terceiro andar. No hall, uma placa indicava: “Advocacia Vasconcelos & Associados”. O sobrenome chamou sua atenção.
Curioso, esperou até que ela saísse novamente e a abordou discretamente.
— Com licença, posso lhe fazer uma pergunta? — Rafael disse, mostrando sua identificação.
A mulher arregalou os olhos, mas manteve a compostura.
— Claro, senhor…?
— Mendes. Detetive particular. Estou investigando um caso e sua presença no hotel me despertou interesse.
Ela hesitou, mas respondeu:
— Meu nome é Lívia Vasconcelos… sou irmã de Clara.
O detetive sentiu um frio na espinha. Algo definitivamente não estava certo ali.
Se Lívia era irmã de Clara, por que estaria encontrando-se secretamente com o marido dela em um hotel? Era hora de descobrir a verdade oculta por trás dessa história. O Caso Vasconcelos:
Rafael decidiu seguir Lívia nos dias seguintes. A cada passo, novas peças se encaixavam: encontros discretos, conversas rápidas ao telefone e uma expressão tensa toda vez que deixava o escritório de advocacia.
Após alguns dias de investigação, Rafael descobriu a verdade chocante. Lívia não estava tendo um caso com o marido de Clara.
Na realidade, ela estava ajudando-o a esconder um grande desfalque financeiro na empresa da família. Ele estava desviando dinheiro e usando o hotel como ponto de encontro para planejar sua fuga.
Com as provas em mãos, Rafael marcou um encontro com Clara. Ao lhe mostrar as fotos e documentos, ela ficou pálida.
— Meu Deus… eu pensei que era uma traição, mas é muito pior…
— O que deseja fazer agora, senhora Vasconcelos? — perguntou Rafael.
Ela respirou fundo, encarando o detetive com um novo brilho no olhar.
— Vou procurar um advogado e resolver isso da maneira certa. Obrigada, detetive. Você me mostrou a verdade, e agora sei o que preciso fazer.
Rafael assentiu, satisfeito. Mais um mistério resolvido, mais uma verdade revelada. Acendeu um cigarro e observou Clara sair de seu escritório, pronta para enfrentar sua batalha.